quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Uma pausa para seguir a vida

Ah quanta saudade do meu amado e amigo desktop!

Mas agora que virei quase escrava por tempo quase indeterminado ficou difícil achar tempo para organizar minhas maluquices, quem dirá para escrevê-las...

Por este motivo peço aos meus raros e gentis seguidores que não esperem ler nenhuma novidade aqui ao menos até o natal. Pensando bem, até o Ano Novo, hum... melhor não estipular uma data, não vai rolar... a última coisa que desejo neste momento de transição - de diversas coisas - é ter mais um compromisso!! Seria bem ridículo me impôr a escrita não acham?

Vou guardar meus pensamentos em pedaços de papéis bem pequenos como mensagens codificadas, o que de fato são antes de virar texto, e volto em 2011, quem sabe até com uns quilinhos a menos! Mulheres!!

Beijos a todos, tenham um ótimo fim de ano, curtam bastante a família e os amigos, que é só o que se leva desta vida, caso bebam, não dirijam, tá eu sei que é cafona mas é útil afinal! Muita fé para o próximo ano, sim, é só o que nos resta, não tem jeito! Muita luz, paz e felicidade a todos!!

Deixo a quem interessar um mantra para ajudar a relaxar e meditar (está no cd da Deva Premal que é ótimo). Nesta época tão propícia a reflexões aproveitem para olhar melhor para si mesmos antes de olhar o próximo; aproveitem para doar sem esperar receber; aproveitem para se entregar ao fluxo contínuo do universo porque ele sempre se encarrega de resolver tudo...Natal não é época de dar presentes mas sim de dar amor. Amor exige entrega, entrega exige equilíbrio, equilíbrio gera auto-conhecimento, auto-conhecimento é liberdade, liberdade para fazer o bem!

Gayatri mantra

Om bhur bhuvah svaha
tat savitur varenyam
bhargo devasya dhimahi
dhiyo yonah
prachodayat

Om, contemplemos o esplendor do sol vivificante, presente na Terra, na atmosfera e no céu.Que ele inspire a nossa visão (nosso pensamento).

(Tradução de Pedro Kupfer)


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O crack no Brasil - uma epidemia planejada!

Ontem eu vi por acaso, ao zapear os canais da TV, que em um desses programas evangélicos estavam mostrando a mãe que acabou tirando a vida do filho dependente do crack aqui em Porto Alegre. Não me interessa comentar o sensacionalismo deste tipo de programa, mas eu acabei lembrando do caso que foi, de fato, bem comentado pela imprensa gaúcha. Não foi preciso assistir à matéria para reconhecer que a estória do crack é um assunto muito sério. Mudei de canal mas permaneci com o tema a me exigir considerações. Dormi pensando nas famílias que passam por este drama, nas vidas tão jovens que se desperdiçam em nome de zumbizar pelas ruas com aquele cachimbo sinistro nas mãos em busca de mais uma pedra.
O que temos hoje é uma legião de farrapos e maltrapilhos perambulando por aí, e não me refiro a mendigos ou moradores de rua. Qualquer um que se aventure a experimentar a primeira tragada logo em seguida vai se encontrar na mesma situação, independente da classe social, do bairro em que more, da marca da roupa que use. O desejo de consumir a substância supostamente prazerosa acomete gente de todas as idades, jovens, adultos, solteiros, casados, pais, filhos, pobres e ricos.
Desde a minha infância, lá pela década de 80 era a cola ou a loló que preocupavam a população. Eu mesma vi diversas vezes meninos com menos de 7 anos inalando aquelas porcarias assim, tranquilamente, enquanto caminhavam pela rua, em praças, em esquinas, pontos de ônibus, etc. Mas a impressão que eu tenho hoje é que eles não incomodavam tanto assim: eram todos pobres, quase todos negros, meninos de rua, engraxates, meninos vindos de famílias desestruturadas e sem estudo. Ou seja, nada de mais não é? Eles não interessavam. O que aconteceu então que fez com que de repente se falasse tanto no crack? O fato de que está sendo consumido por gente com poder aquisitivo, artistas, jovens de classe média/alta. Aí a questão muda de figura.
Não há muitos dados sobre o consumo e nem sobre o perfil dos usuários embora algumas universidades federais estejam com a pesquisa a caminho. Os últimos números são de 2005 e afirmam que 40% dos jovens internados em clínicas por conta do uso do crack são de classe média. Não estamos mais falando de gente sem importância não é?
Estamos falando de jovens que nunca haviam tido nenhuma passagem pela polícia, do aumento da criminalidade e de homicídios relacionados ao tráfico do crack, e aí os motivos são muitos e vão desde à falta de pagamento por parte dos usuários endividados com a droga que exige um consumo maior que outros entorpecentes e que, portanto acabam sendo vítimas dos traficantes, à morte prematura de jovens com ataques cardíacos aos 16 ou 18 anos, por exemplo, ou à morte de jovens que decidem roubar para sustentar o vício e se tornam alvo da polícia.
Isso para não falar no grande abalo econômico que esta epidemia está causando, quando tira de circulação jovens em idade produtiva, deixando muitas famílias ainda mais sem estrutura, ajudando a aumentar os índices de pobreza e miséria deste país. Quantas mães que são chefes de família e trabalham fora para conseguir manter os filhos acabam perdendo ou deixando seus empregos para se dedicar à reabilitação do filho dependente químico. E neste caso, quem sustenta aquela família? Para isso é preciso haver políticas públicas, ou as mães não têm como estar presentes em um momento delicado como este, apoiando os filhos e dando suporte emocional, que a meu ver é fundamental para quem já não se sente mais inserido em coisa alguma, devastado pelo efeito do crack.
Ano passado no Rio de Janeiro, um crime relacionado ao uso da droga ajudou a divulgar outro dado preocupante, o descaso do poder público com relação aos usuários e seus familiares. Um jovem que acabou cometendo um homicídio durante uma crise de abstinência fora internado 5 vezes, mas nunca por tempo suficiente porque seu plano de saúde só cobria a internação por 15 dias e a família não podia pagar o restante do tratamento. Além disso, em muitas clínicas ele não foi aceito por não consentir com a internação, o que é perfeitamente normal, qual é o dependente químico que adoraria parar de usar a droga e se internar bem feliz para reabilitação?? Para quem não pode pagar o jeito é levar o dependente à emergência de um hospital e pedir a internação compulsória através do Ministério Público, mas isso pode demorar muito, e tempo é o que um dependente definitivamente não tem. Isso já deveria ser providenciado automaticamente, uma vez que existe demanda, sem precisar que o MP entre com ação para que o Estado pague a dívida, afinal, isso é uma questão de saúde pública! É obrigação do Estado!
Ainda em 2009, casos violentos relacionados à dependência do crack levaram o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a prometer que seriam investidos R$110 milhões até o fim de 2010 para combater o problema e que seriam criados 2.500 novos leitos na rede pública de saúde aumentando a capacidade de internação para 12 mil dependentes químicos. Mas onde estão??? Alguém viu?? Já estamos em setembro e nada. Em ano de eleição as promessas ficam todas em suspenso, aguardando o resultado das urnas. E mais que isso, só a reforma do Palácio do Planalto custou aos cofres públicos a bagatela de R$111 milhões, um milhão a mais que o valor total para um programa nacional de tratamento aos dependentes químicos. Isso não é sério, não pode ser real, mas por incrível que pareça é.
Na ZH eu li que foram liberados R$215 milhões, vai saber! Eu nunca ouvi falar! O Temporão e o governo também não concordam com a internação compulsória, porque parece que se está tentando esconder o problema, trancando-o à força. Eu até posso entender esta posição, não acho que seja ideal para ninguém que uma outra pessoa decida algo de tanta importância e que os melhores resultados são sempre alcançados por pessoas que de verdade desejam se ajudar. Mas, e sempre tem o mas, neste caso, que está se tornando bem maior do que imaginamos e já fugiu do controle há muito tempo, talvez não haja outra saída, não sei, não sou especialista, mas se acontecesse o mesmo com meu filho, eu certamente o internaria querendo ele ou não. Muitas pessoas não têm ou não estão em condições de decidir por si mesmas.
Mas não é a opinião deles que me preocupa, e sim pensar na possibilidade de estar baseada na falta de vontade em investir no problema. Detesto acusar sem ter certeza, mas fica parecendo que o poder público não está a fim de trabalhar para recuperar um bando de “drogados”, que provavelmente vão voltar ao vício. E se todo mundo decidir internar os parentes na marra? Já pensou quanto isso iria custar ao governo? Então talvez seja melhor esperar até que o doente queira se ajudar por conta própria, porque quem sabe até lá ele já tenha morrido e seja um a menos na conta final!
Desculpem se estou sendo ofensiva mas infelizmente em matéria de política eu não confio em ninguém, tomara que eu esteja errada, sinceramente eu queria poder acreditar que as opiniões dos políticos são sempre fundamentadas na experiência, na tentativa de otimizar o trabalho, enfim, mas por hora só consigo duvidar.
Agora imaginemos o subproduto de uma droga, que é ainda mais viciante, podendo ser fumado ou injetado, cujos efeitos duram apenas 5 minutos e possível de ser comprado por R$5 e até R$1. Em seguida imaginemos uma grande população de rua, um grande número de usuários de drogas mais caras que precisavam de três vezes mais dinheiro para garantir seu consumo, e muita desinformação, falta de políticas sociais adequadas, falta de um sistema de saúde eficiente, etc. O que dá? Surto do uso de crack. Acho que o estrago já era esperado.
Por este motivo, quando eu digo que a epidemia do crack foi planejada me refiro ao fato de que não adianta o governo liberar grana para tapar furos. Crises se resolvem com a solução do problema que causou a crise. Ninguém se cura de uma doença sem conhecer e combater sua causa. É a causa que deve ser combatida e isso está bem longe de acontecer. Por quê? Por que o tráfico de drogas é apenas a ponta do iceberg. Por trás dele têm grandes empresários e políticos e, sendo assim, certamente não há interesse real em se acabar com um ramo de negócio tão lucrativo, que banca campanhas eleitorais, obras e ainda rende verdadeiras fortunas.
Eu não acredito que ainda exista o tráfico por que é difícil combatê-lo, acredito sim que não se quer combatê-lo por que esse dinheiro circula por todos os meios deste país e do mundo, onde menos se espera. Existe tele-entrega de cocaína em festas da high society, existe uso de drogas em festas da favela, não faz diferença. Enquanto se drogar for considerado cool isso não vai mudar. Os usuários de drogas precisam se conscientizar que são parte deste mercado cruel, onde muitos jovens e até mesmo crianças são vítimas. Quem usa paga o tráfico, as armas, as quadrilhas que compram as armas para fazer assaltos, a corrupção policial e todo tipo de violência relacionada. Existe droga porque existe quem usa, simples assim!
Tem quem pense que é só curtição, nada de mais. O problema é que com drogas como o crack o lance bacana acaba rapidamente e ficam as crises de abstinência, enlouquecedoras e graves.
Quando existe uma questão como esta, séria a ser discutida e analisada para que se possa resolver o mais rápido possível, mas não se faz isso por descaso, negligência ou por falta de recursos que não são liberados por falta de projetos bons e comprometimento, acho que dá para afirmar que era um problema anunciado. Apenas adiamos falar sobre ele. Estava debaixo de nossos olhos o tempo todo, planejado pelos traficantes para viciar em menor tempo, para aumentar a margem de lucro, ignorado pelas autoridades por ter atingido inicialmente uma parcela quase lumpem da população. E agora o jeito é tentar correr atrás do prejuízo.
O que eu acredito é que nada sozinho funciona. Honestamente, em se tratando de governo, como eu disse antes, qualquer coisa que façam já ajuda, ainda que não seja o suficiente, mas vindo deles é sempre bom a gente ficar feliz porque podia nem vir, então que bom que tenham projetos para amenizar a situação. Eu rezo para que ajude, de verdade, mas há controvérsias. O que eu humildemente sugiro são ações públicas e familiares que aliadas podem ser um grande recomeço para esta estória terrível:
- para começar é preciso que o governo invista em cuidados básicos como creches públicas, para que os pais possam trabalhar tranquilos, e que as crianças de lugares desprovidos possam aprender, se exercitar, receber orientação e cuidados que sozinhas em casa elas não vão ter;
- é preciso que se invista em educação, educação e educação, com turno integral nas escolas públicas, com diversas atividades esportivas e artísticas, para que as crianças não fiquem pelas ruas, podendo se tornar alvo dos traficantes inclusive como aviõezinhos – o que é bem comum, e que a escola em si seja forte, preparando para a vida, onde não se ensine o preconceito, nem o racismo, nem o embrutecimento, com professores super preparados para lidar com pessoas não com robôs como a maioria deles gostaria;
- é urgente que haja investimentos em trabalho e cultura, com cursos profissionalizantes, e mesmo cursos livres de arte, para quem já acabou a escola e não tem como pagar uma graduação ou ainda não passou em uma universidade pública, que aliás, deve ter muito mais vagas para se tornar democrática e poder abrigar os sonhos de quem não foi ensinado a sonhar;
- é igualmente urgente que tenham investimentos na área esportiva para que se criem times e equipes em diversas modalidades esportivas, para que ao sair da escola os jovens continuem se realizando no esporte, caso seja esta sua vontade – que é o que o pobre neste país não tem: vontade. Se vive como pode, sem recursos, sem perspectivas, e isso só gera mais desigualdade e mais violência, mais injustiças;
- e então seria ideal que o SUS oferecesse atendimento digno a todos, e claro, neste caso específico, aos usuários de drogas, o que serviria também aos jovens de classes mais altas, uma vez que as outras medidas seriam mais impactantes para as classes baixas do país, ao menos em curto prazo. Tratamento clínico e psicológico, porque a terapia é um grande passo rumo ao auto-conhecimento e o auto-conhecimento é a chave para que se entenda os motivos pessoais que levam cada um ao uso abusivo de drogas e álcool e consequentemente à evolução. Também faz-se necessário o uso da terapia e apoio às famílias dos dependentes, afinal tratar o doente e não tratar os cuidadores não tem o menor sentido.
Certamente entendo que nada disso se constrói do dia para a noite, mas uma hora a mudança tem que começar! Sem o primeiro passo nada se ajeita. É uma longa caminhada, porém necessária. Não tem jeito, para chegar à solução de um problema é importante que se haja de forma conjunta, combatendo outros problemas que são a causa.
Tudo isso vai extinguir o uso de drogas definitivamente? Não sei, não tenho bola de cristal! O ser humano por natureza sempre está buscando uma nova ilusão para entreter a mente agitada e ávida por aventuras infantis, no entanto muito se terá feito pela maioria das pessoas que necessitam.
Quanto às ações familiares a que me referi acima, por incrível que pareça, acho que é um pouco mais difícil, porém não impossível. Os pais precisam estar atentos ao comportamento dos filhos, e prontos a ajudar, não a julgar. Amor e respeito são fundamentais em qualquer circunstância. Buscar ajuda quando percebeu que não tem mais o chamado controle da situação também é uma medida importante. Infelizmente muitos pais deixam para tentar intervir quando já é tarde demais.
Têm familiares que preferem fingir que não há nada de errado até que o problema se torne grave, por vergonha, medo de sofrer preconceito, medo de ser julgados como culpados pelas atitudes dos filhos, principalmente quando se trata de gente de classes mais altas. Uma pena! A omissão impede que se fale sobre o assunto e os pais precisam conversar com os filhos desde sempre. Não é como se costuma fazer: deixam para falar de camisinha quando descobrem que os filhos estão tendo relações sexuais, deixam para falar sobre o uso de drogas quando acham que os filhos podem estar usando, mas aí é tarde.
Por que não ser amigo dos filhos, compartilhar as dificuldades, as dúvidas, a intimidade, desde que sem invasões, mas com amor, com tranqüilidade, sem pressão, sem cobrança? Pais mais próximos dos filhos têm mais chances de ensiná-los tudo que precisam saber, de estabelecer uma relação de confiança que é a base de qualquer relacionamento, é um erro pensar que isto só deve existir entre casais. Olhe para seu filho, mas olhe de verdade, descubra quem ele é, do que ele é capaz, seus defeitos, suas virtudes, seus medos...descubra seu filho!
Bem, como eu sou apenas uma blogueira, não seria de bom tom me estender mais do que já me estendi. Fica aqui mais uma vez minha palavra, que é com que posso contar na tentativa de ver o mundo transformado. E não tenham dúvidas, o mundo irá se transformar, a humanidade caminha para isso, lentamente, mas caminha, e enquanto há movimento há mudanças!


Imagem: Rostos Anônimos de Olga Gouveia

Informação nunca é demais:
1 http://www.senad.gov.br/

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Eleições 2010 – hipocrisia gratuita, ou melhor, obrigatória!

Advirto aos viajantes que esperam encontrar aqui uma brilhante análise política e politizada sobre este momento tão particular. Grande engano! Este post irá tão somente fazer piada da piada que é a democracia neste país. Não tem nenhuma intenção em oferecer uma outra alternativa, como é hábito meu, nem ser otimista, outro hábito que mantenho em meus textos. Não, não, não... piada, piada e piada. Uma homenagem à palhaçada vista diariamente na TV!


Então tá, cá estou eu para falar do Horário Eleitoral Obrigatório, que é hora certa para dar boas risadas. Aqui em casa ao menos a gente se diverte horrores! Ah mas também se não for assim é bem fácil surtar! Hoje vendo a campanha do Serra fiquei até emocionada ao ouvir pela qüinquagésima vez ele contar que inventou os genéricos, o programa contra a AIDS com a distribuição dos remédios sem custo algum para os portadores da doença, o projeto de ter duas professoras auxiliares em salas de aula do ensino fundamental para ajudar os alunos enquanto a professora titular passa o conteúdo no quadro (ai que incrível), escolas técnicas, um programa de saúde para acabar com as filas nos postos e hospitais e que tratou e trata pessoas com catarata (antes elas não viam o céu, mas agora, graças ao Serra elas voltaram a enxergar!!!). Nossa quanta coisa não?

Ah, esqueci de dizer que foi o Serra que inventou o automóvel, o avião, o relógio, o helicóptero, o papel, a lâmpada, a teoria da relatividade e também foi ele que fez pela primeira vez a pizza como ela é conhecida hoje. Ele participou do projeto do Titanic (se afundou ele não teve culpa!), da Torre Eiffel e fiquei sabendo que inclusive esteve na coordenação da construção das pirâmides do Egito. É ou não é um belo currículo??
O make up da Dilma não muda minha opinião sobre ela e o PT, mas preciso confessar que ela está beeem bonita! Ah mas eu com o personal stilist dela hein??
A Marina Silva aconselhando os trabalhadores miseráveis deste país a investirem na Bolsa de Valores para esquentar a economia do Brasil me deixou muito, mas muito assustada, só não consegue me assustar mais que a grande farsa que é o Partido Verde – que vergonha!
O PC do B que há muito deixou de ser um partido, comunista então, fala sério, não, não tá beleza! Vive à sombra do PT, só parasitando cargos. É triste de ver. Na verdade nestas eleições têm muitos candidatos parasitando. Quase todos mostram imagens suas com o Lula, coisa feia! Detonam o cara mas se aproveitam da popularidade dele para se eleger, credo que baixaria!
Tem aqueles candidatos fascistóides que tem um discurso policialesco, contra os “bandidos e marginais”, nossa, os “bandidos” é que devem ter medo deles, gente mais picareta!

Tem aquele horrível, acho que é o PTC, em que aparece um anjinho – ai pobre do anjo, que coisa é aquela??
E não poderia faltar a tia que diz: “olá, sou a fulana, casada, mãe de 2 filhos....” mas afinal, o que eu tenho a ver com isso?? Coisa mais preconceituosa, tia moralista!

Mas apesar de toda esta lama, em matéria de campanha patética o Serra dispara! O cara inventou tudo. Meu Deus, ele não trabalha com equipes, com grupos das secretarias de saúde, de educação, gente que rala e que nem aparece porque tem um político personalista que rouba ou tenta roubar a cena. Por que ele não fala que apoiou e incentivou as idéias que são de outras pessoas – não dele!

A gente costuma brincar que ele vai reivindicar os genéricos até a morte. É! Vai chegar do lado de lá (porque tem o lado de lá sim) se apresentado: “Olá, eu sou o José Serra, o pai dos genéricos...” até me pergunto se ele não seria o meu pai também?!!
Ah, mas que amolação! O brasileiro já tá acostumado a ouvir mentiras, a ser enganado, a engolir sapos, ok. Mas péra lá, tem limite né!

Mente Serra, mente, mas aprende a mentir bem. Faz como o PT que sabe contar lorotas com a maior verdade do mundo, o Lula é craque! Loteou a Amazônia e é conhecido internacionalmente por ser defensor da ecologia. Até a Copa no Brasil será ecologicamente correta, que tal? Aprende Serra a enganar com mais categoria e dignidade porque assim tá demais, assim não dá!



A imagem é do site http://www.nanihumor.com/ vale à pena dar uma olhada e rir um pouco.


PS: acho que o Serra andou ouvindo uns desaforos porque nesta última semana ele veio com um discurso de que aprimorou as idéias que "não eram dele"... ah finalmente um pouquinho de noção da realidade. Não duvidaria se ele levasse um belo processo por mentir sobre idéias alheias!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Cinema nacional inteligente para crianças inteligentes

Vou fazer um protesto pacífico sobre a situação do cinema nacional. Meu filho com quase 7 anos já cansou dos 'infantis', mas não pode ver os 'adultos', e aí, o que fazer?
Os filmes infantis que são bons, têm qualidade e conteúdo, têm uma mensagem positiva são direcionados para crianças pequenas (tudo bem que todo mundo olha, mas são feitos com outro objetivo), os que tem temas mais atuais ou fictícios, de ação adolescente, são como bem disse, para adolescentes, com exceção da série Harry Poter que deveria ser vista por todas as idades, eu adoro! Então as crianças que não são pequenininhas, mas também não são adolescentes ficam no limbo, não há filmes bons sendo feitos para elas. Muitos filmes nacionais são ótimos, têm conteúdo, são sociais, políticos, explicativos, poderiam ser passados nas escolas, serem alvo de debates, mas se tornam inviáveis em função das pesadas cenas de sexo e de violência explícita.
Eu entendo que algumas cenas de sexo se justifiquem para mostrar a personalidade dos personagens, a forma como estes entendem o mundo e se relacionam com ele, mas também acho que devem ter outras formas bem mais inteligentes e inteligíveis de se mostrar os traços de determinado personagem ou determinada realidade sem necessariamente ser através do sexo. E assim igualmente para as cenas de violência extrema. Acho que não fazem falta em filme nenhum! É possível criticar de outro jeito!
Quantas produções de guerra, filmes históricos, fazem sucesso sem mostrar sangue, a gente sabe que o fulano levou um tiro, ou sei lá o que, mas não precisa ver ele ser estripado, queimado, violentado, degolado...credo, acho que é exagero, e todo exagero é desnecessário. Como discutir um filme como Tropa de Elite com adolescentes sem que eles se choquem com as cenas de assassinatos cruéis mostradas na produção? Quem perde com isso são os jovens que acabam por não entender o filme direito, muitos inclusive acham que o filme é uma apologia à polícia, que é fascista, e pior, tem aqueles que adoram saber que a polícia mata, que os caras são os "Caras", destemidos, tipo Stallone, no pior estilo Rambo - de volta para o inferno - oh céus, que horror! Mas ainda têm o grupo que mais me assusta, que são aqueles jovens que simplesmente não se chocam mais, e talvez sejam a maioria. Das duas uma: ou sou mesmo uma ingênua incorrigível e pateta ou confirmo minhas convicções de que os valores do mundo estão absolutamente trocados e malucos! Onde já se viu se acostumar com a violência e com a barbárie?
As crianças estão órfãs de cinema bom, de arte boa, em que haja a possibilidade de discussão, de aprendizado, mas sem as cenas demasiado carregadas que temos nas telas. Conheço crianças e jovens que sem nunca terem passado por nenhuma experiência traumática desenvolveram medo de coisas até bobas, que fogem do dito 'normal'. Certamente não sou especialista, mas todas estas crianças moram em lugares onde existe tráfico, tiroteios, assassinatos no meio da rua em plena luz do dia. Coincidência? Duvido! A mente deles é mais delicada que a de um adulto, acaba sofrendo com estes acontecimentos e ao longo do tempo acaba por ver perigo até onde ele não existe, por isso a importância da arte como forma de expurgar as energias negativas e principalmente o stress, para que os traumas e medos possam ser transmutados em energia positiva, elevada. Por isso é bom que o cinema seja educativo, faça amadurecer, faça-os conhecer sua história, entender e criticar, não para que eles conheçam como se pode matar sem ser punido, ou que aprendam formas de matar mais ou menos interessantes, ou ainda aprender a achar que toda essa porcaria é a mais pura realidade e que portanto eles têm que se adaptar e achar que é assim mesmo, que não tem nada que eles possam fazer para mudar. Acho que muitos filmes acabam reforçando certos estereótipos que não deveriam nunca ser tomados por exemplo, que tomam por normal certas atitudes absurdas, que banalizam situações insustentáveis.
Fico pensando, até quando vou ter que ver com meu filho os filmes da Pixar/Disney por falta de opção no cinema de nosso país? Tá certo que adoro quase todos, mas tem uns que não dá pra aguentar, até por que a violência verbal já faz parte destes filmes, as piadas infelizes e as lições tipicamente americanas que muito me irritam também! Por que ninguém no Brasil se interessa em fazer filmes para quem não é grande nem pequeno? Às vezes parece que se faz cinema para a crítica, não para as pessoas comuns, não para quem paga de verdade o cinema neste país!
Fotografia de Dilermando Cabral

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O poder da máquina - a impotência do homem

Nesta semana tivemos o dia do amigo, mais uma data para o comércio comemorar, eu sei, mas até que não é má idéia, acho que as pessoas estão precisando se doar mais. Na verdade as pessoas estão precisando aprender tantas coisas que dá até medo imaginar o que o mundo está se tornando. Mas ao mesmo tempo dá um alívio saber que um único dia é suficiente para caírem as fichas de uma vida inteira, e é quando a mudança acontece... o que isso tem a ver com o dia do amigo? NADA, por que eu não estou aqui para falar do tal dia! Estou aqui para falar de aprendizados. Ouvi, na rádio Itapema (no dia do amigo – e juro que não falo mais nisso) a crônica falada sobre acidentes de trânsito, de um cara que atropelou um motoqueiro porque dirigia completamente bêbado. Ao ser entrevistado ele debochou da estória toda, e parece que já tem passagem pela polícia por mais três atropelamentos sérios, não sei se houve morte em algum. E foi interessante ouvir as conclusões da menina que narrou a crônica porque eu e meu amado estávamos a falar sobre isso um dia antes, pois é, são aquelas coincidências da vida!

Eu falava exatamente sobre o fato de achar que o carro é a extensão do falo. Sim, é isso mesmo que eu acho. Que os homens, ao contrário das mulheres, vêem no carro muito mais que um equipamento utilitário, necessário para a locomoção. Eles entendem o carro como um grande símbolo de poder, uma parte deles, uma parte forte, capaz de matar e, melhor, capaz de não identificá-los. A máquina é o corpo que eles não podem ter, e como não podem lutar no sentido próprio da palavra, sair no soco e chute com outro homem, a luta foi, de certa forma, institucionalizada no trânsito, onde se travam verdadeiras batalhas entre os mais fortes e os mais fracos. O fraco, neste caso, é o cidadão que cumpre e respeita as leis de trânsito, que é prudente e dirige com cuidado. Ah sim, porque forte é o machão que mete o dedo no nariz, que cospe e joga lixo pra fora do carro, que fura o sinal, que buzina pra todo mundo, que xinga as mulheres, manda elas pra casa com os filhos e o fogão. Se não ultrapassar não é o cara! A sensação de impunidade que o carro cria, apesar de ser ilusória, mexe com o ego desses primatas. Imagine só como é fácil bater em outro carro, atropelar alguém, ou qualquer outra infração, por detrás de um vidro fumê! Não se pode ver quem está lá. Se o homem sai rapidamente do local, às vezes não dá nem tempo de anotar a placa, e pior, às vezes a placa é clonada! Bingo! Vira título de filme de quinta: Pegue-me se puder!

É patético, infelizmente, patético, mas é a mais pura realidade!

Na mesma semana mais uma coincidência muito triste... a morte do filho de uma atriz famosa por atropelamento, o motorista fugiu, não prestou socorro, parece que estavam fazendo racha, que másculo não? Quer coisa mais máscula que um bom pega? Ah sim, tem mulher que gosta, vai entender, o ser humano é definitivamente a criatura mais complexa do universo, o resto é fichinha! Não tenho e não preciso saber se era chegado o momento deste menino de 18 anos trocar de Plano, não importa, as infrações de trânsito não se justificam por nada neste mundo. Nem do outro!

Aos 16 anos eu fui atropelada... assunto desagradável, mas pertinente. Fiquei 5 meses deitada, sem conseguir sequer sentar, passei por muitas cirurgias, nada grave, mas tenho algumas pequenas limitações. Perdi muitas coisas naquele momento, o sofrimento foi terrível, mas eu ganhei a vida de volta, e não fiquei com nenhuma seqüela irremediável. Mas nem é esse meu assunto, quero contar do motorista que causou isso tudo. Ele dirigia bêbado, em alta velocidade, e tão logo eu rolei no chão, atirada por seu carro a muitos metros do lugar em que estava ele correu em minha direção e tentou me chutar, dizendo palavrões e profundamente frustrado por que eu havia amassado o carro dele. Não conseguiu concluir a ação porque foi impedido pelas pessoas que me acompanhavam. O que houve depois? NADA. Nunca houve nada.... não tinha naquela época o Código de Trânsito. Como a gente vê, hoje que está em vigor parece que não faz diferença! O Brasil é o país das leis mais lindas do mundo, pena que elas não saem do papel!

A sensação de impunidade em qualquer ocasião tem consequências graves, no trânsito isso fica mais claro, é mais imediato, é a selva, cada um por si e Deus por quem eu matar. Às vezes ao observar os carros, chego a ter a nítida sensação de que eles são os vilões, como aquele desenho do Pateta em que há um julgamento para os carros, alguém se lembra? Parece mesmo que eles voam, ultrapassam, debocham do que ficou pra trás, pegam as garotas de programa escondido da família e as devolvem – ou não, enfim, parece que o carro se tornou um ente, capaz de ser anônimo não importando a situação.

É esse desejo de se dar bem a qualquer custo, essa sensação de anonimato que leva muitos motoristas a fugir à responsabilidade de seus atos nas estradas, dentro de seu suporte biônico, sua cápsula de fuga da realidade, seu casulo de proteção, e por que não, seu útero mecânico!
É, as pessoas precisam se doar mais... a vida não é um jogo, embora alguns pensem que seria mais divertida se fosse. Nenhum de nós está livre de cometer uma barbeiragem e acabar ferindo outra pessoa, acontece, nós erramos, somos humanos afinal. Mas provocar isso é cruel, é insano! Já não chegou de violência? Até quando vamos ter que conviver com a barbárie para aprendermos que viver em paz é bem melhor, que dói menos? Espero que ninguém precise passar pelo que passei e tantos passam diariamente para entender o que um automóvel é capaz de destruir, ou melhor, o que o ser dentro do carro é capaz de destruir! São muitos os caminhos que podem levar à solução deste problema que envolve inúmeros fatores, e não é a velocidade que vai nos levar a qualquer um deles!




Aproveito para divulgar a campanha do Jornal Bem Estar para o trânsito: é só entrar no site e pedir o adesivo, que eles enviam pelo correio, com a seguinte frase: GENTILEZA gera amor e paz!

domingo, 11 de julho de 2010

Entre o ser e as coisas


Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.





DRUMMOND - 1951 - Claro Enigma

O meu olhar é nítido como um girassol...

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...



Alberto Caeiro - heterônimo de Fernando Pessoa, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A arte no Ocidente!?

Pensava eu sobre um desenho budista parado à minha frente, como fundo de tela do meu computador e comecei minha viagem...

Os indianos pintam, costuram e bordam os seus tecidos, como quem lava a louça, algo absolutamente natural, que flui, um grande talento que é vendido aqui por muitos reais mas que para eles rende míseros centavos. Para mim estes tecidos parecem obras de arte, mas não estão expostos em lugar algum, são vendidos em muitos lugares sem o status de “arte”, apesar de serem bastante valorizados, mas é diferente de um quadro, uma escultura... por quê?

Por que aqui a arte não flui, nós não temos liberdade para criar, a escola não nos ensina, a família não nos ensina, somos castrados desde pequenos para que sigamos esta ou aquela profissão para que possamos ganhar o tão sonhado dinheirinho, e basta. Arte? Não, isso é coisa de gente rica (começa por aí), maluca, maconheira, promíscua... e tome preconceito!

Por isso no ocidente a arte tem um status diferente, ela virou comércio também (na verdade tudo no ocidente virou comércio), porém de valor altíssimo, por que não há uma população inteira produzindo e criando mas sim meia dúzia de pessoas, muitas com talento duvidoso, sendo tratadas como deuses.

Aqui a arte tem outra conotação. Imagina alguém em casa que esteja a fim de pintar uma tela, ou mexer com argila para fazer um caneco que seja? Se esta pessoa souber que não vai ganhar dinheiro, que não tem onde expor porque não está no “meio”, que não vai fazer sucesso e, portanto será visto apenas como o vagabundo da família, nunca como alguém que largou tudo para se dedicar à arte, então vai pintar pra quê? Só para se desestressar? Nunca! Essa é a lógica! Que maluco!

Por esse motivo a arte é reprimida, não flui naturalmente, ele é exercida mediante certa pressão para que tu sejas então um “artista” propriamente dito, mesmo que medíocre, mesmo que vendido, mesmo sem talento, nem que seja pra ser capa de alguma revista! Existem tantas culturas que lidam com tapeçaria, pintura religiosa, como no Butão, por exemplo, chegam a ficar anos tecendo uma única peça. Isso é dedicação, mesmo que seja usada como ganha pão, ainda assim tem um valor diferente, mesmo que feita para ser vendida, já faz parte daquela cultura, é parte daquelas pessoas, mostra quem elas são, criou uma identidade fortíssima, e isso é divino!

Nós aqui, do outro lado do mundo temos tanto que aprender com estes povos que passam sua arte de pai pra filho, perpetuando sua obra. Nós devíamos ter arte nas escolas, cursos não pagos, de livre escolha, acessíveis a todos, para que as crianças pudessem se desenvolver com tranqüilidade, segurança na vida, paz interior, trabalhando sua criatividade e canalizando sua energia para algo elevado, de modo que não houvesse meia dúzia de “artistas”, mas sim, uma população inteira capaz de criar, capaz de deixar fluir o que quer que seja, capaz de ser tudo aquilo que hoje, sem dúvida está preso e escondido!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mudanças aprovadas para o Código Florestal Brasileiro representam uma vergonha para o país!

Foi aprovado ontem o relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) que acarretará mudanças absurdas no Código Florestal Brasileiro. A Comissão Especial da Câmara dos Deputados, formada para avaliar as mudanças no Código, aprovou por 13 votos à 5 este documento, que nada mais é, que uma afronta contra a natureza e seus cuidadores, porém ovacionado pela bancada ruralista. Que vergonha!

Segundo Bruno Calixto, no site Amazônia.org, a votação foi turbulenta com manifestações do Greenpeace, que utilizaram sirenes e uma faixa onde dizia “Não vote em quem mata as florestas”, tudo na tentativa de chamar a atenção para a discussão que não deveria sequer estar sendo feita em ano eleitoral, dada sua importância, neste momento em que o país se volta à ridícula, porém necessária, campanha dos candidatos à presidência. Após a votação, Rebelo pediu que todos os destaques fossem rejeitados, sem prejuízo de que os autores os apresentem em Plenário, que só deve se realizar após as eleições, novidade né!
Para que todos saibam quem votou, aqui está a orientação dos partidos para a votação:

Contra o relatório do Aldo Rebelo: PSOL, PV, PT.
A favor do relatório: PPS, PTB, PP, PR, DEM, PMDB.
Liberaram a bancada: PSDB, PSB, PcdoB, PMN.


E agora os nomes:


Favoráveis
Anselmo de Jesus (PT-RO) - SIM
Homero Pereira (PR-MT) - SIM
Luis Carlos Heinze (PP-RS) - SIM
Moacir Micheletto (PMDB-PR) - SIM
Paulo Piau (PPS-MG) - SIM
Valdir Colatto (PMDB-SC) - SIM
Hernandes Amorim (PTB-RO) - SIM
Marcos Montes (DEM-MG) - SIM
Moreira Mendes (PPS-RO) - SIM
Duarte Nogueira (PSDB-SP) - SIM
Aldo Rebelo (PCdoB-SP)- SIM
Reinhold Stephanes (PMDB-PR)- SIM
Eduardo Seabra (PTB-AP) - SIM

TOTAL A FAVOR: 13

Contra
Dr. Rosinha (PT-PR) - NÃO
Ricardo Tripoli (PSDB-SP) - NÃO
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) - NÃO
Sarney Filho (PV-MA) - NÃO
Ivan Valente (PSOL-SP) - NÃO
TOTAL CONTRA: 5

Especialistas no assunto alegam que isto significa um enorme retrocesso em relação ao trabalho de muitas organizações nos últimos 20 anos. A ex-ministra Marina Silva acredita que a proposta do relator revoga o primeiro artigo do código e faz com que as florestas deixem de ser um bem da sociedade. Além disso, isenta os proprietários de terra da obrigação de proteger as florestas. Entre as mudanças propostas por Rabelo estão a atribuição de maior autonomia aos Estados para que possam legislar sobre meio ambiente e a retirada da obrigatoriedade de reserva legal - fração destinada à preservação ambiental- em pequenas propriedades (na Amazônia, por exemplo, um módulo fiscal pode ter 100, 150 hectares, então são áreas de 400, 500 hectares ao todo que poderão desmatar a reserva legal). Não estou aqui tentando fazer qualquer espécie de defesa à ex-ministra, mas sim tentando mostrar as diversas opiniões que cercam o assunto.


Falando em nome da Ong TNC - The Nature Conservancy – a ambientalista Ana Cristina Barros, que acompanha os debates e as votações, afirma que o substitutivo do deputado Rebelo para o Código Florestal vai eliminar todos os controles do desmatamento por um período de cinco anos. Ela destaca três pontos prejudiciais do substitutivo apresentado pelo deputado que são: este período de cinco anos sem controle do desmatamento, a anistia dos desmatamentos ilegais ocorridos até 2008, e a isenção de reserva legal para propriedades de até quatro módulos fiscais. Segundo Ana, a própria Ong tem uma série de trabalhos de campo que mostram que existem empresas de produtores rurais interessadas em comprovar a qualidade ambiental de sua produção, e parece que isso não entrou como subsídio no texto proposto na comissão. Também diz se surpreender por não haver menção ao decreto Mais Ambiente, a regulamentação mais recente relacionada ao Código Florestal, que institui o Cadastro Ambiental Rural e cria cinco anos de prazo para o produtor se regularizar, que de acordo com ela, é uma tentativa de regularização que a Ong considera louvável por não receber mais o produtor com uma multa quando ele se apresenta ao governo para se regularizar, permitindo que as multas sejam suspensas a partir do momento em que ele assume um compromisso em colaborar. Ou seja, se agora a multa não existe mais, quem é que vai se apresentar para tentar regularizar a sua situação??? Vai por água a baixo o compromisso, uma vez que os produtores que já estejam em algum processo de regularização têm a possibilidade de, unilateralmente, romper esse compromisso!! E aí, como não chamar isso de ridículo, chega a ser cômico!! Claro, que aqueles interessados em se legalizar talvez nem consigam nada ou nem saibam o que fazer, o que só favorece quem não está a fim de cumprir com as leis, caso dos grandes latifundiários. Vale a pena ler a entrevista da Ana na íntegra no site Amazônia.org.br, ela explica com detalhes o que muda e as conseqüências destas mudanças.


Rebelo se defende dizendo que antes de chegar a este ponto foram feitas muitas audiências públicas, no entanto, ambientalistas e deputados de partidos contra a medida, alegam que muitos interessados não foram convidados, e muitos não podiam participar, enquanto que os produtores rurais compareceram a todas, portanto elas não foram equitativas, faltou democracia! Os ruralistas sustentam sua defesa pela mudança do código baseados em dois estudos sobre ocupação da terra no Brasil, um da Embrapa afirmando que faltam áreas disponíveis para a agricultura no país (nem foi comprado) e o outro é um relatório produzido pela União dos Fazendeiros dos Estados Unidos (estava demorando, eles estão metidos em tudo) segundo o qual a proteção de florestas no Brasil é boa para a competitividade da agricultura dos EUA. Mais uma vez temos a prova de o LUCRO, sempre derruba todo e qualquer argumento, TIME IS MONEY!


Semana passada, movimentos sociais, sindicais e entidades ambientalistas, personalidades e intelectuais, tornaram público um manifesto em defesa do meio ambiente, da produção de alimentos e contrário às mudanças propostas para o Código Florestal brasileiro. O manifesto, assinado inclusive por Leonardo Boff e D. Pedro Casaldáliga revela o que já esperávamos, que o relatório irá atender apenas aos interesses dos ruralistas, questionando a ausência de um debate amplo sobre o tema. Divulgo aqui pontos importantes do documento que pode ser lido na íntegra através do link:


“De acordo com o substitutivo, a responsabilidade de regulamentação ambiental passará para os estados. É fundamental entendermos que os biomas e rios não estão restritos aos limites de um ou dois estados, portanto, não é possível pensar em leis estaduais distintas capazes de garantir a preservação dos mesmos. Por outro lado, esta estadualização representa, na prática, uma flexibilização da legislação, pois segundo o próprio texto, há a possibilidade de redução das áreas de Preservação Permanentes em até a metade se o estado assim o entender.”


“O Projeto acaba por anistiar todos os produtores rurais que cometeram crimes ambientais até 22 de julho de 2008. Os que descumpriram o Código Florestal terão cinco (5) anos para se ajustar à nova legislação, sendo que não poderão ser multados neste período de moratória e ficam também cancelados embargos e termos de compromisso assinados por produtores rurais por derrubadas ilegais. A recuperação dessas áreas deverá ser feita no longínquo prazo de 30 anos. Surpreendentemente, o Projeto premia a quem descumpriu a legislação.”


“O Projeto desobriga a manutenção de Reserva Legal para propriedades até quatro (4) módulos fiscais, as quais representam em torno de 90% dos imóveis rurais no Brasil. Essa isenção significa, por exemplo, que imóveis de até 400 hectares podem ser totalmente desmatados na Amazônia – já que cada módulo fiscal tem 100 hectares na região –, o que poderá representar o desmatamento de aproximadamente 85 milhões de hectares.”


Diante de tamanha irresponsabilidade, o que não me admira estar vinculada ao PC do B, partido este que já deveria, senão desde o início de sua história, ao menos agora, ter a dignidade de deixar de se dizer comunista, visto que isso é uma grande ofensa aqueles que, de verdade, lutam por uma causa justa - ainda que não se considerem comunistas, nos resta torcer para que a discussão não acabe, e que no Senado a história não se repita, e depois disso, que o presidente possa vetar este documento, para que o Brasil sirva de exemplo. Afinal, é fácil falar que a China, a Índia e o Brasil poderão ser as novas economias mundiais, enquanto continuamos importanto o lixo dos países desenvolvidos, enquanto eles gastam o dinheiro lá e trazem para cá suas fábricas poluidoras, enquanto roubam matéria prima daqui a preço de banana, e nos revendendo a peso de ouro! Não tem como ficar tranquilo diante disso tudo! Vamos ver, lá adiante, onde é que tudo vai dar. Tomara que não seja tarde demais!!!




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sábado, 3 de julho de 2010

Democracia Religiosa - boa iniciativa!

Finalmente uma atitude democrática envolvendo religião! Há pouco mais de uma semana foi divulgada a notícia de que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre terá novo espaço Inter-religioso, no lugar da capela católica. Salve, salve! Quero deixar claro que não tenho, de maneira alguma, nada contra os católicos, mas acredito que todas as pessoas, de diferentes credos, têm o direito de se manifestar e de se sentir à vontade em um país “Laico” como se diz, mui na teoria, que é o caso do Brasil. A assessoria do Hospital justifica que está se baseando na norma constitucional que desestimula os órgãos públicos a privilegiar um credo em detrimento a outros, nada mais justo não é mesmo? E que a partir de julho, o espaço dará lugar a um ambiente laico, sem imagens sacras ou que façam referências a qualquer religião. A idéia é criar o Espaço da Espiritualidade – com imagens de natureza, sem referências a alguma religião. Ainda afirmam que o incentivo à diversidade é uma tendência mundial.
Em Portugal há iniciativa semelhante que merece divulgação. O Hospital de São João, no Porto, terá o espaço multireligioso que deverá estar pronto até final de 2011 e será modelo para espaços semelhantes em outros hospitais. O projeto, acessível ao público, inclui sete pequenos lugares de oração para diferentes credos como cristianismo (protestante e ortodoxo, uma vez que os católicos já têm uma capela), judaísmo, islão, budismo ou hinduísmo. No caso dos muçulmanos, o seu pequeno oratório (como se fosse um mehrad das mesquitas) estará mesmo orientado para Meca, como manda a regra do islão. Mas isso é o que há! Tá mais que certo, é o mínimo...mas é claro que aqui a história é outra.


A arquidiocese está pensando em entrar na Justiça contra a medida. O arcebispo de Porto Alegre dom Dadeus Grings está encabeçando a campanha contra o Espaço. Também pudera, por séculos a igreja mandou e desmandou no mundo, fez o que quis e ninguém ousou dizer basta. Já estava mais do que na hora de se iniciar o debate de democratizar a religião. Cada um pode e deve ter seu templo, seu lugar para orar, sua igreja, seu espaço, mas isso já existe, já existem milhares de capelas e igrejas e mesquitas, etc...., mas dentro de lugares públicos, como o Hospital de Clínicas, que é federal, mantido pelos impostos pagos por todos nós, não é justo que tenha apenas uma capela católica e que mais ninguém possa se manifestar! Isso é um absurdo! Qualquer hora seremos obrigados a ter capelas em escolas públicas, em fóruns, em tribunais, o que aliás, há bem pouco tempo, por alguma medida que eu não lembro qual, foi determinado que se retirassem todas as cruzes das salas, afinal, não é possível que haja tal manifestação deste tipo. Por mais que eu seja cristã, a cruz é um símbolo católico, e não é cabível que elas estejam por toda a parte.

O arcebispo protesta contra a decisão, alegando que o ato fere o acordo entre o Vaticano e o Brasil, assinado recentemente, que regulamenta aspectos jurídicos da Igreja Católica no país. O acordo foi assinado durante encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o papa Bento XVI. E aí, dizer o quê depois disso??? Será que há ainda pessoas que acreditam que vivemos em um país democrático? Se não podemos escolher sequer nossa religião, se somos obrigados a ter a aula de religião supostamente “facultativa”? Se a aula servisse para ensinar valores, eu seria a primeira a topar, mas nunca tive uma aula que prestasse, era período morto, ninguém agüentava aquilo.


Sobre os hospitais, sou super a favor que exista um lugar para as pessoas rezarem, chorarem, descarregarem a dor e o sofrimento na sua fé, falar com seu Deus e com quem mais achar que devem, principalmente por que as freiras fazem um trabalho muito bacana de visitar os doentes e de fazer preces, atitude louvável e muito importante, mas por que apenas um grupo de pessoas pode ter esse privilégio??? Por que não todos??? Por que não tem condições de outros grupos religiosos fazerem o mesmo? Então os muçulmanos, os budistas, os yoguins, os evangélicos, os judeus, os espíritas, etc, não têm o mesmo direito??? Volto a dizer, não tenho nada contra os católicos, ao contrário da maioria deles, eu acho maravilhoso que cada um escolha com liberdade sua forma de exercer a fé, mas sou contra a prática da igreja de querer sempre passar por cima de tudo o tempo todo! Até quando???


É este tipo de atitude e de pensamento que destrói o mundo. É por trás de toda esta bobagem que se esconde o racismo, o nazismo, o fascismo! Esta besteira de disputa religiosa, usada habilmente por mentes maldosas contra pessoas incautas já foi responsável por rios de sangue, por guerras, estupros, matança indiscriminada! Caramba! Estamos no século 21, e o homem ainda acha quem tem o direito de mandar no outro! Então devo supor que esqueceu da máxima de Jesus: “Amai a Deus acima de todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo.” Mas onde é que se pratica isto??? Quem está de fato preocupado em praticar?? Quanta insensatez!

Lamento que tantas pessoas, ao se dizerem desta ou daquela religião, vivem muito mais do status que isso lhes traz do que realmente dos princípios elevados ensinados por Deus. O dia que o ser humano entender de verdade quem e o que é Deus não haverá mais disputas, nem ódio, nem preconceito. Pena que não têm se importado muito com isso!


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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Violência contra as mulheres no Congo não deve ser esquecida!!


O evento Fronteiras do Pensamento 2010 – realizado no Salão de Atos da UFRGS - trouxe à Porto Alegre esta semana o médico congolês Denis Mukwege, que já foi indicado ao Nobel da Paz, e ele trouxe à público novamente um fato que o mundo por vezes parece esquecer, mas que é de grande importância: a violência contra as mulheres no Congo. O próprio médico diz que já tratou mais de 21 mil mulheres vítimas de violência sexual durante os anos de guerra no país, mas não há números que contem ou calculemo sofrimento delas. Li na ZH algumas coisas que ele disse, e gostaria de divulgar:

“A violência contra a mulher é contra nossa humanidade. A violação não é uma relação sexual. A violação é uma destruição.”

“A medicina que não tem a vida como prioridade abdicou de sua vocação de medicina.”

“Não há democracia sem direitos humanos..”

“Penso que a política da ONU na África deve ser repensada. A ONU devia ter um papel muito mais forte. O papel de observador não leva a nada. No genocídio de Ruanda, com 1 milhão de mortos, a ONU estava lá e saiu.”

Segundo o site Opinião e Notícia os ataques sexuais são praticados rotineiramente por soldados, políciais, grupos armados e cada vez mais por civis. De acordo com um relatório da ONU, o estupro e a violência contra mulheres são vistos por uma grande parcela da sociedade como normais. Muitas mulheres sofrem estupros coletivos, às vezes diante de suas famílias, e homens são forçados, sob ameaça de morte, a estuprar suas filhas, mães ou irmãs.
Há mais de dez anos as mulheres sofrem graves atentados deste tipo, e muitas deram-se conta de que o estupro é utilizado como arma de guerra. Só no primeiro semestre de 2008 foram registrados mais de 1.470 casos, de acordo com o site Observatório da Mulher. Essa prática começou com a força paramilitar de Ruanda que invadiu o Congo, mas como a justiça do país não funciona, esses crimes permaneceram impunes, então os congoleses também começaram a praticá-los, inclusive os civis. A violência é praticada em casa, na escola, em todo o lugar. O resultado desta terrível situação é o aumento do número de crianças órfãs e contaminadas com o HIV, além do alto índice de gravidez, chegando a 4 para cada 10 estupros.
O mais triste é que eu não ouço nenhum jornal falar disso, então quem vai denunciar este horror???
Até quando as notícias sobre o Mercado Interno e os números da Bolsa de Valores serão mais importantes que tantas vidas destruídas??? Ah mas é lá na África não é mesmo??? Se fosse nos USA seria diferente! E a ONU faz o quê? Ah, a ONU na verdade é mais um braço Norte Americano pelo mundo!
Isso é assunto que devia ser debatido em escolas, em casa, na padaria do seu João...sei lá...
Eu, como espírita e yoguin sei que a humanidade está em processo de aprendizado, que estamos chegando em um momento bastante sério e acredito que o universo irá se encarregar de ajeitar as coisas em seus devidos lugares, mas enquanto isso o mundo precisa se mecher!!! Ter fé não significa ficar sentados de braços cruzados sem fazer nada. Ao contrário, é preciso denunciar! Se nossa ação é pouca, que seja alta nossa voz, que nossa palavra possa ecoar pelos quatro cantos deste planeta e ajudar a acabar com a injustiça e a violência!
Enquanto isso...quem ajuda aquelas mulheres???? Como as pessoas conseguem dormir??


Ler mais:

http://observatoriodamulher.org.br/site/index.phpoption=com_content&task=view&id=384&Itemid=64

terça-feira, 22 de junho de 2010

Para não dizer que não falei da...Copa


Torcer ou não torcer....

Acho que depois de ficar 'grande' aquela emoção de torcer pelo Brasil na Copa vai passando, passando... acaba que há muito não me animo a torcer por coisa alguma, nada mesmo! Mas eis que este ano, eu e meu excelentíssimo estamos a fim de curtir bem juntinhos os jogos, então, que jeito!

Passamos horas lembrando das nossas Copas inesquecíveis, todo mundo tem a sua, eu acho, e aí, depois de muito flashback, acabamos entrando na vibe novamente. Foi pra lá de nostálgico lembrar da primeira copa que eu assisti, a de 86 aos 7 anos, na casa de um casal de senhores que cuidavam a mim e ao meu irmão, e que eram, por sinal, uns fofos. Os jogos eram regados a pipoca, bolos deliciosos, e a gente ainda tinha aqueles copos ridículos da Pepsi, com desenhos chinfrins da seleção! Caramba, eu já tomei Pepsi. Que bom que evoluí. E mais, a gente tinha álbum da seleção, cujas figurinhas muito disputamos no bafo com a criançada da rua, o mano era craque, moá, é ruim hein! E eu sempre pessimista, às vezes achando que minha infância não foi divertida, renegando as cafonices por que desde pequena eu já era meio velha, que bobagem, aconteceram coisas maravilhosas, e essa Copa realmente foi um momento memorável.

Depois eu gosto de lembrar da Copa de 94, ano em que nasceu meu irmão mais novo, da morte do Senna, ano do meu fatídico acidente de carro que me deixou de molho por 3 anos...ô aninho complicado de lembrar, mas a Copa foi à parte. Os amigos do trabalho do meu irmão mais velho iam de bando lá pra casa e a mãe fazia guloseimas, cafézinho, e aquela cambada toda reunida fazia uma gritaria que os vizinhos odiavam, e claro, inventavam um monte de fofocas, imagina só, tanto homem junto com 2 mulheres, já pensou? O povo moralista ganhou o que falar naquele tempo! Eu nem aí, gritei muito GOL e fui muito feliz enquanto os urubus espreitavam...

Tempo bom...e eu sempre pessimista achando que a vida nem foi tão jóia assim! Que bobagem, eu sou bem velha mesmo!

Em 2010 eu vou torcer muito, sem exagerar no ufanismo, até por que de patriota eu não tenho um osso, mas sentar, comer pipoca (cérebro de gordo já pensa logo em comer), tomar um chá, pra evitar a cafeína, abraçar meu gatão, ver meus filhos torcendo e conhecendo os jogadores, diga-se de passagem, bem mais que eu, que só conheço os bonitinhos, e deixar o resto de lado. Vou abstrair um pouco, sem me alienar, mas me permitir curtir a seleção, esquecer que lá em Brasília os caras adoram Copa, que aí o povo esquece deles, esquecer que ainda tem guerra no Iraque, que tem tropas brasileiras se metendo lá no Haiti, e o boicote ao povo Palestino. Arre, por isso é que eu não torço, então é melhor eu não pensar em mais nada...exercício ao contrário, vamos lá, 1, 2, 3: Copa, Copa, Copa...será que vai funcionar? Tomara, por dúvidas das vias: dá-lhe vuvuzela!!!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Morte — O Sol do Terrível (Ariano Suassuna)


Mas eu enfrentarei o Sol divino,
o Olhar sagrado em que a Pantera arde.
Saberei porque a teia do Destino
não houve quem cortasse ou desatasse.

Não serei orgulhoso nem covarde,
que o sangue se rebela ao toque e ao Sino.
Verei feita em topázio a luz da Tarde,
pedra do Sono e cetro do Assassino.

Ela virá, Mulher, afiando as asas,
com os dentes de cristal, feitos de brasas,
e há de sagrar-me a vista o Gavião.

Mas sei, também, que só assim verei
a coroa da Chama e Deus, meu Rei,
assentado em seu trono do Sertão.



Com tema de Renato Carneiro Campos

O valor das coisas

Sempre que compramos algo aqui em casa, independente de para quem tenha sido eu agradeço a Deus. Não por apego, não por achar que ‘ter’ é demasiado importante, mas por dar valor às coisas. Costumamos dar bronca nas crianças para que cuidem os brinquedos, as roupas, o material da escola, etc, embora seja muito importante criança se sujar e estragar alguns objetos porque faz parte do aprendizado, do processo difícil que é o crescer, mas é diferente.


Desde pequeno, o João rola na terra, na grama, toma banho no tanque, na piscina (de plástico é claro)ou banho de mangueira, ele mais um monte de cacarecos, que sempre acabam por estragar, mofar e tal...mas isso é bacana, é o dito destruir para construir. Ele sempre montou mega coisas com pedaços de outros brinquedos quebrados e sempre foi muito incrível! Mas se eu o vejo chutar, pisar ou jogar longe determinado brinquedo (e criança adora fazer isso até certa idade), aí eu paro tudo e dou sermão. Hoje com 6 anos ele já está mais tranqüilo, pede ajuda para guardar, se magoa quando perde algo que é impossível consertar e do qual ele gostava muito, acha importante pôr o nome nos materiais escolares e guarda tudo com carinho – NÃO apego. A Tatá sempre que chega da rua põe o tênis na sacada pra pegar sol, abre a roupa na janela pra não ficar úmida antes de deixá-la no cesto pra lavar, porque pode criar mofo mesmo...tem os mesmos brinquedos há anos e em bom estado, prontos pra serem doados a outras crianças quando ela não os quiser mais. Isso faz parte do que considero educação. O mundo não terá matéria prima ‘Ad Eternum’, as coisas estão se esgotando.


Quanto mais compramos, mais desperdiçamos petróleo, energia, tecido (as empresas têxteis estão no topo da lista de poluidoras, salvo aquelas que filtram seus resíduos), aditivo químicos (estão em absolutamente tudo), água pura, árvores inteiras, animais inocentes (carne, couro, pele, penas, almíscar, corantes...) mais água pura, metais pesados, água pura, carvão, pedras ou terra (causa de muito desmoronamento), e mais água, que já não está mais tão pura assim. Existe uma enorme cadeia produtiva por trás de cada caneta que utilizamos, e se continuarmos a comprar por esporte, sem a real necessidade, essa história vai chegar a um limite logo logo, onde não haverá mais história! Acabei ganhando a fama de ser aquela que não gosta de ninguém mexendo, quem dirá estragando o que é meu, no entanto aqui em casa tudo que é meu é meio público, todo mundo pega e mexe mesmo, mas se extraviam eu brigo, aí não teve jeito, virou lenda. Por conta disso passei muito tempo, como boa yoguin, refletindo a respeito, me perguntando se eu era realmente mesquinha, apegada às coisas materiais e não entendia bulhufas, porque isso não fazia sentido, porque não tinha nada a ver com o que eu acreditava. Ainda bem que a vida muda e a gente muda junto com ela, foi quando me toquei que meus cuidados tinham a ver com a crença de que ‘tudo que vem fácil, vai fácil’! Quem não tem dinheiro sobrando acostuma a gastar o necessário, sem esbanjar com bobagens ou desejos superficiais. Digamos que aprendi com a falta, que tudo que se tem deve ser valorizado, NÃO endeusado, nem cultuado, por que quando partirmos desta vida para nossa verdadeira casa, o objeto vai ficar sim ou sim, tudo que é material fica aqui no plano material. Comprar demais a ponto de esquecer o que comprou, seja roupa, ou o calçado usado uma só vez, ou a comida que estraga na geladeira, gera descontrole financeiro, ecológico e principalmente emocional, porque pode virar vício. A pessoa só se sente feliz na hora da compra, eufórica e descontrolada, até o outro dia chegar e ela perceber que já não faz mais a menor diferença. Quantos conhecidos, parentes ou amigos cada um de nós tem com esse comportamento? Vários, mas como não nos cabe julgar, cada um com seu cada qual! Tem um provérbio Chinês maravilhoso que eu adoro lembrar: “antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro da sua casa.”


Então, pensando no que cada um pode e deve fazer por si mesmo: o que não serve mais, doe; se vai comprar, que seja realmente necessário e útil; a comida de ontem pode ser a torta de amanhã; ensine seus filhos a cuidar de seus pertences e assim, eles aprenderão a cuidar do mundo. Dar o devido valor às coisas, agradecer a Deus pelas conquistas, tirando o nosso mérito da ação e dando a Ele como entrega, como prova de fé, é educado, e ser educado é chiquérrimo, embora o chique tenha adquirido outra conotação para os ‘normais’ nestes tempos tão malucos que vivemos. Vejo jovens destruindo praças, acabando com objetos de uso coletivo e seus pais não se manifestam. Provavelmente esses pais nunca conversaram sobre o valor das coisas, sobre nenhum valor! Apego prende, escraviza! Quem compra demais, ainda que não cuide, nem percebe que é apegado a tudo que tem.


Valorizar é ter bom senso, é ter respeito por todas as pessoas e por si mesmo, afinal, quem quer trabalhar o mês inteiro para desperdiçar o dinheiro que ganhou com sacrifício em futilidades que o mercado te empurra como sendo de vital importância? Valorizar sem posse pode parecer difícil, mas deve ser um hábito praticado diariamente: “isto não me pertence de verdade, mas enquanto eu estiver aqui tentarei preservar este bem, que só adquiri por ser necessário, para não ter de comprar outro.” No final, tudo que fica aqui desta vida são os hábitos, então vamos escolher os bons e saudáveis, como a prece, a verdade, o respeito e a prática do consumo consciente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher - dia de comemorar a sensibilidade e a força de quem carrega este mundo nas costas.

Minha homenagem às 129 tecelãs mortas em um incêndio provocado pelo patrão após terem feito greve, em Nova York, ano de 1857.

Minha homenagem à minha mãe, uma grande mulher...grande...
Minha homenagem a todas as mulheres deste planeta que têm dupla ou tripla jornada, no trabalho, em casa, na vida...a estas guerreiras, incríveis e destemidas, capazes de enfrentar tudo por aquilo que amam, e como amam...como amam...
Quando eu era pequena, costumava me queixar, dizendo que na próxima encarnação gostaria de nascer homem, no entanto, bastou entender um pouco mais da vida para perceber que ser mulher é algo tão especial e único, que se eu puder escolher, vou preferir nascer mulher outras tantas vezes, por vários motivos maravilhosos, mas principalmente para ter novamente a graça de gerar uma vida e vê-la nascer, do lugar mais impensado, o gesto mais perfeito que a natureza é capaz de realizar!!

Com licença poética - Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai até meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A culpa é do vestido!!


Preferi não me manifestar durante o alvoroço para não precipitar uma opinião equivocada, afinal, às vezes no calor dos acontecimentos nosso discernimento se mistura à nossa indignação e podemos correr o risco de cometer injustiças. Mas agora, passado um certo tempo, não poderia deixar de comentar o fato do vestido que causou tamanha polêmica, se é que alguém ainda lembra, afinal, infelizmente alguns casos absurdos se tornam banais na outra semana...vamos então aos comentários:
Voltamos à era da intolerância - a idade das trevas. Voltamos a queimar as bruxas em praça pública! Voltamos a fazer fila para cuspir, bater e jogar pedras nas supostas prostitutas e infiéis! Voltamos a nos acotovelarmos aos montes para assistirmos os enforcamentos e os pescoços rolando pela guilhotina! Voltamos?? Será mesmo que em algum momento da história nós deixamos de ser assim? Ah, esqueci, o vestido era rosa-choque, curto e colado - coisa de mulher vulgar. Claro, ela merecia ser humilhada, execrada, julgada e expulsa da universidade (com letra minúscula mesmo). Onde já se viu, atentar desta maneira contra a moral e os bons costumes?? Quantas vidas se destruíram em nome da moral! Quantas mais se destruirão?
Esqueceram de ler, mais abaixo nas letrinhas pequenas, que moralidade é respeitar as escolhas, o comportamento e o gosto do outro. Esqueceram, ou talvez não saibam, que tudo aquilo que incomoda demais pode ser desejo reprimido, caso dos homofóbicos, por exemplo. Neste caso, quantas das meninas que esbravejaram contra a "moça do vestido" deviam estar sentindo uma enorme vontade de esquecer por um momento que a mulher precisa estudar para provar que é bem mais que um corpo, e subir 2 centímetros a barra da saia, para poder mostrar sem culpa as pernas? É, ser mulher assim não é fácil! Para ser feliz sendo mulher é preciso crer, de verdade, que a beleza não é, de fato, o mais importante. Portanto, fingir acreditar nisso quando se tem um ego enorme, prestes a se soltar no mundo e competir descaradamente com as outras mulheres, é, no mínimo, falta de auto-conhecimento.
Com relação aos meninos, quantos que a espezinharam, não estavam com uma louca vontade de agarrá-la, usá-la, e de provar o quanto são machões. Meninos e meninas, ambos machistas e hipócritas. A hipocrisia, por sua vez, esconde o preconceito, a perversidade e a arrogância em personalidades falsamente puritanas, super moralistas e absurdamente antiquadas.
Não concordar com o jeito, as manias a forma de se expressar ou a opinião de alguém é normal, aliás, é saudável, nos ajuda a refletirmos, a pensarmos, fazermos análises através da observação do mundo a nossa volta. Mas é de bom tom parar por aí! Quando nos sentimos os donos da verdade, ultrapassamos os limites dos Direitos Humanos em nome de defender nossa posição, nos igualamos aos carrascos degoladores, nos igualamos aos fanáticos da Ku Klux Klan, aos soldados nazistas, cegos em seguir um comando, ou aos fascistas intolerantes, cegos à realidade, todos mergulhados em seu próprio mundo, ditadores e autoritários, prontos para julgar e condenar o que não couber em sua mente pequena e sem espaço para o afeto, o que não couber em sua idéia destorcida de perfeição.
Este acontecimento me trouxe mais uma preocupação: que tipo de 'universidades' estão sendo criadas neste país? Hoje em dia, qualquer um pode abrir um curso que o Mec logo reconhece. E cursos à distância, graduação de 2 anos pipocam em todo o Brasil. Este tipo de estabelecimento, no entanto, não está apto, ao que me parece, a formar seres humanos, a formar gente pensante, capaz de tomar decisões baseadas no respeito e na construção de uma sociedade mais justa. Ao contrário, estas 'universidades' de esquina deformam, estimulam a competitividade acima de tudo, carimbam diplomas vazios, unicamente tecnocratas, lotam o ridículo mercado de trabalho (abomino este mercado, um ente invisível que manda no mundo) de gente com comportamento de manada, reagindo apenas aos seus instintos mais primitivos, como a auto-defesa, ou seja, quase sempre o ataque. Gente que entende da sua tarefa mas não entende da vida, não entende de gente, tampouco de si mesmo.
Quem não gosta de roupa curta que não use! Eu não gosto, então não uso e pronto. Não tenho nada a ver com quem está a fim de mostrar o corpo, seu corpo, não o meu. Simplesmente não me incomoda. Incomoda você? Incomodou dezenas de estudantes. Por que???


Foto: google imagens

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Discursos Espirituais - Evolução em Direção à Perfeição III


A escuridão da noite evolutiva começou a se dissipar séculos atrás, quando a primeira criatura, semelhante ao macaco, abandonou seu reinado de galhos e começou a vagar sob a luz das planícies. Ele era guiado por algo que não podia compreender: algo que não fazia parte de sua natureza símia, algo inacessível aos seus camaradas. De alguma forma, em alguma parte da sua borbulhante química corporal, algo mudou. No seu cérebro foi lançada a semente de humanidade; em seus olhos, estranhamente brilhantes, surgiu a sombra de sonho oculto. O tempo passou lentamente. As novas criaturas se desenvolveram e multiplicaram-se. As maravilhosas mudanças em seus corpos e mente continuaram; seus cérebros, nervos e sistemas glandulares aumentaram em complexidade e especialização. Novos padrões de comportamento desenvolveram-se e, após algum tempo, emoções e sentimentos desconhecidos e negados a todas as formas prévias de vida encontraram seus meios de expressão. A alvorada da humanidade foi alcançada naquela hora auspiciosa. As ondas de pensamento, geradas por aquela primeira expressão humana, estão vibrando até hoje na mente inconsciente de cada ser humano. Cada um de nós carrega, dentro de si, a lembrança oculta daquela primeira alvorada, e até antes dela, dentro da escuridão da antiguidade. Nós estamos, por meio desta memória primordial, que faz parte da nossa herança humana, intimamente conectados a todas as formas de vida.

(Supreme Expression I - Shrii Shrii Ánandamúrti)


Foto: Berçário de estrelas - Nasa