quinta-feira, 8 de julho de 2010

A arte no Ocidente!?

Pensava eu sobre um desenho budista parado à minha frente, como fundo de tela do meu computador e comecei minha viagem...

Os indianos pintam, costuram e bordam os seus tecidos, como quem lava a louça, algo absolutamente natural, que flui, um grande talento que é vendido aqui por muitos reais mas que para eles rende míseros centavos. Para mim estes tecidos parecem obras de arte, mas não estão expostos em lugar algum, são vendidos em muitos lugares sem o status de “arte”, apesar de serem bastante valorizados, mas é diferente de um quadro, uma escultura... por quê?

Por que aqui a arte não flui, nós não temos liberdade para criar, a escola não nos ensina, a família não nos ensina, somos castrados desde pequenos para que sigamos esta ou aquela profissão para que possamos ganhar o tão sonhado dinheirinho, e basta. Arte? Não, isso é coisa de gente rica (começa por aí), maluca, maconheira, promíscua... e tome preconceito!

Por isso no ocidente a arte tem um status diferente, ela virou comércio também (na verdade tudo no ocidente virou comércio), porém de valor altíssimo, por que não há uma população inteira produzindo e criando mas sim meia dúzia de pessoas, muitas com talento duvidoso, sendo tratadas como deuses.

Aqui a arte tem outra conotação. Imagina alguém em casa que esteja a fim de pintar uma tela, ou mexer com argila para fazer um caneco que seja? Se esta pessoa souber que não vai ganhar dinheiro, que não tem onde expor porque não está no “meio”, que não vai fazer sucesso e, portanto será visto apenas como o vagabundo da família, nunca como alguém que largou tudo para se dedicar à arte, então vai pintar pra quê? Só para se desestressar? Nunca! Essa é a lógica! Que maluco!

Por esse motivo a arte é reprimida, não flui naturalmente, ele é exercida mediante certa pressão para que tu sejas então um “artista” propriamente dito, mesmo que medíocre, mesmo que vendido, mesmo sem talento, nem que seja pra ser capa de alguma revista! Existem tantas culturas que lidam com tapeçaria, pintura religiosa, como no Butão, por exemplo, chegam a ficar anos tecendo uma única peça. Isso é dedicação, mesmo que seja usada como ganha pão, ainda assim tem um valor diferente, mesmo que feita para ser vendida, já faz parte daquela cultura, é parte daquelas pessoas, mostra quem elas são, criou uma identidade fortíssima, e isso é divino!

Nós aqui, do outro lado do mundo temos tanto que aprender com estes povos que passam sua arte de pai pra filho, perpetuando sua obra. Nós devíamos ter arte nas escolas, cursos não pagos, de livre escolha, acessíveis a todos, para que as crianças pudessem se desenvolver com tranqüilidade, segurança na vida, paz interior, trabalhando sua criatividade e canalizando sua energia para algo elevado, de modo que não houvesse meia dúzia de “artistas”, mas sim, uma população inteira capaz de criar, capaz de deixar fluir o que quer que seja, capaz de ser tudo aquilo que hoje, sem dúvida está preso e escondido!

Um comentário:

  1. Lindo!

    Quem dera o incentivo do desenho, da pintura, e das esculturas de palitinhos, que tinhamos na 1ª série, continuasse pelo resto do colégio e da vida!

    Beijos, amo vocês! Laura.

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